quinta-feira, 20 de janeiro de 2011



É cada vez maior o número de vítimas com motos atendidas no Hospital da Restauração (HR), no Recife. E, geralmente, são ferimentos graves. No setor de traumatologia do hospital, em média 65% dos leitos são ocupados por vítimas de acidentes com motos.
“O motoqueiro hoje é uma epidemia no HR. Além de ter um volume muito grande desses pacientes que chegam com fraturas graves. A gente trata hoje como epidemia já que mata e dá sequela. 6% dos pacientes que chegam na Restauração por acidente de moto são amputados. Um dedo ou um pé ou uma perna. Ou seja, sai daqui com algum grau de amputação. E isso é muito grave”, revela o gerente médico do HR, João Veiga
Foi isso o que aconteceu com encarregado de obras Sérgio Cordeiro dos Santos . Ele perdeu uma perna depois de ser fechado por um carro na BR-101, a caminho de Água Preta. “Os carros e os caminhões e não respeitam os motoqueiros. E nem os próprios motoqueiros respeitam a si mesmo com excesso de velocidade”, afirma Sérgio, que teve sorte de sair com vida, pois a moto explodiu.

Um estudo revelou que o número de vítimas de acidentes de motos cresce a cada ano. Em 2009, o Hospital da Restauração atendeu 2.440 pacientes. Em 2010, foram 3.345, quase mil pacientes a mais. O número de pacientes vítimas de acidente de carro foi bem menor. Em todo o ano de 2010, o Hospital da Restauração atendeu 997 pessoas.

Entre as vítimas de acidentes com moto, 82% são homens, 20% estavam alcoolizados e 55% estavam em horário de lazer. O doutor João Veiga explica que os motoqueiros são os que sofrem mais sequelas porque estão mais expostos.

“Além de ser um veículo muito rápido, ele fica exposto. A proteção do motoqueiro são as pernas dele, o tórax dele. E eles não andam com a proteção individual adequada. Muitas vezes, colocam o capacete, mas não atacam, andam descalços, qualquer queda ralam, perdem um dedo. Eles não andam com cotoveleiras, joelheiras, que deviam andar”, afirma João Veiga.